Existem feridas que, infelizmente, o
tempo não cura.
Diferentemente da grande maioria dos arranhões,
cortes ou lesões que você teve, algumas feridas não conseguem ser tratadas com
antisséptico e curativo.
Essas feridas existem na cabeça e na alma das
mulheres e, infelizmente, elas não ficam na parte visível.
Elas moram lá dentro do inconsciente de cada uma
delas, hospedadas no que um dia essas mulheres chamaram de lembrança, de
memória ou até mesmo de infância.
Mulheres que, enquanto crianças, só tiveram um
exemplo de mulher dentro de casa:
“Eu preciso trabalhar, pra não ter que depender de
homem”.
“Eu preciso ser forte, porque a vida exige isso de
mim.”
“Eu preciso fazer papel de pai e mãe.”
E, crescendo assim, é fácil muitas vezes agir como
uma guerreira, querendo ter o controle de tudo, achando que é auto suficiente e
que não depende de ninguém.
Só que eu sei (e você sabe) que, lá no fundo, por
trás da armadura de guerreira existe uma mulher que só queria ser amada,
cuidada e valorizada - e, que no final das contas, ao ler isso, essa mulher só
concorda em silêncio.
Porque em voz alta os outros escutam e, na cabeça
dela, se for pra me ouvirem, que me ouçam como a Mulher Maravilha e não como a
Mulher da Ferida.
Eu não te julgo, porque sei que, no final das
contas, você não teve outro exemplo ou modelo de como ser ou do que fazer -
porque, provável que, quando o mundo desmoronou na sua vida, não tinha ninguém
pra segurar, exceto você.
Essa pode até ser a única verdade que você
conhece, mas eu te garanto: Não é a única verdade que existe.
Tabita Camacho