quarta-feira, 15 de novembro de 2023

SOBRE HUMILHAÇÃO


  

Durante uma vida a gente é capaz de sentir de tudo, são inúmeras as sensações que nos invadem, e delas a arte igualmente já se serviu com fartura. Paixão, saudades, culpa, dor-de-cotovelo, remorso, excitação, otimismo, desejo – sabemos reconhecer cada uma destas alegrias e tristezas, não há muita novidade, já vivenciamos um pouco de cada coisa, e o que não foi vivenciado foi ao menos testemunhado através de filmes, novelas, letras de música.

Há um sentimento, no entanto, que não aparece muito, não protagoniza cenas de cinema nem vira versos com freqüência, e quando a gente sente na própria pele, é como se fosse uma visita incômoda. De humilhação que falo.

Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada. A mais comum é aquela em que alguém nos menospreza diretamente, nos reduz, nos coloca no nosso devido lugar - que lugar é este que não permite movimento, travessia?. Geralmente são opressões hierárquicas: patrão-empregado, professor-aluno, adulto-criança. Respeitamos a hierarquia, mas não engolimos a soberba alheia, e este tipo de humilhação só não causa maior estrago porque sabemos que ele é fruto da arrogância, e os arrogantes nada mais são do que pessoas com complexo de inferioridade. Humilham para não se sentirem humilhados.

Mas e quando a humilhação não é fruto da hierarquia, mas de algo muito maior e mais massacrante: o desconhecimento sobre nós mesmos? Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos. Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios.

Nesses casos, não houve maldade, ninguém pretendeu nos desdenhar. Estivemos apenas enfrentando o desconhecido: nós mesmos, nossas fraquezas, nossas emoções mais escondidas, aquelas que julgávamos superadas, para sempre adormecidas, mas que de vez em quando acordam para, impiedosas, nos colocar em nosso devido lugar.

Martha Medeiros

 

DESENVOLVIMENTO HUMANO


 

Desenvolvimento humano é um conceito baseado na ideia de liberdade dos seres humanos, para que estes tenham as oportunidades e capacidades de viverem com qualidade de vida e de acordo com os seus objetivos.

Ao contrário do crescimento econômico, o desenvolvimento humano não está diretamente relacionado com a análise dos recursos financeiros, mas sim com a satisfação das pessoas com o modo como vivem a vida.

Assim, para analisar o nível do desenvolvimento humano de determinado grupo, deve-se observar não a renda, mas todas as condições e oportunidades que os indivíduos possuem para conseguirem ter uma vida com dignidade e qualidade.

No âmbito da psicologia, o desenvolvimento humano se refere à formação da identidade do indivíduo, ou seja, o seu comportamento, os valores, capacidades, e etc. Neste aspecto, o desenvolvimento humano leva em consideração vários fatores distintos, como características genéticas, padrões intelectuais, emocionais, os grupos de convívio em que está inserido, o desenvolvimento físico, entre outros.

Fases do desenvolvimento humano

Do ponto de vista psicológico, o desenvolvimento humano foi amplamente estudado pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896). Ao analisar o comportamento de suas próprias filhas, Piaget definiu as diferentes fases do desenvolvimento do ser humano:

Período sensório-motor (0 a 2 anos)

Estágio anterior à linguagem. Neste período o indivíduo começa a adquirir controle motor, criar laços afetivos e desenvolver os primeiros reflexos e movimentos.

Período Pré-Operatório (2 a 7 anos)

Desenvolvimento da linguagem, da fala e das habilidades físiscas. No entanto, nesta fase as crianças ainda não são capazes de realizar operações concretas. Durante este período a pessoa ainda não é capaz de ter empatia, por este motivo o egocentrismo ainda é marcante.

Período das Operações Concretas (7 a 12)

Desenvolvimento da capacidade de raciocinar. Aprimoramento do pensamento, quando as crianças começam a pensar de forma mais lógica e solucionar algumas problemas menos complexos.

Período das Operações Formais (12 anos em diante)

Todas as capacidades e competências estão desenvolvidas. Domínio do pensamento lógico. Indivíduos passam a agregar valores morais à sua conduta e a pensar de modo a tomar decisões mais complexas.

Índice de Desenvolvimento Humano

Com o intuito de medir e avaliar a qualidade de vida das pessoas nas diferentes sociedades, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O Índice de Desenvolvimento Humano análisa três principais fatores que representam requisitos básicos para a qualidade de vida das pessoas: saúde, educação e renda.

Atingindo essas três dimensões do IDH, o ser humano é capaz de ter uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento (que é essencial para a garantia do exercício das suas liberdades individuais), e condições financeiras para manter um padrão de vida estável (comprar comida, pagar suas contas básicas e ter um abrigo, por exemplo).

O IDH foi idealizado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sen, que apresentaram os primeiros resultados no Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1990.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2023

EQUILÍBRIO EMOCIONAL


 

As emoções que carregamos têm um enorme peso na maneira como encaramos os problemas e buscamos soluções no dia a dia. Conseguir o equilíbrio emocional é um grande desafio. Quem o faz, obtém a serenidade necessária para lidar com acontecimentos desagradáveis e impedir que fatores externos desestabilizem as emoções.

Aliás, manter as emoções sob controle é uma busca constante, uma vez que a rotina corrida, as pressões no trabalho, o trânsito, e até mesmo a alimentação inadequada, desfavorecem um estilo de vida mais harmonioso. A falta de equilíbrio emocional prejudica a habilidade de ver situações por outros ângulos e de tomar boas decisões.

Tenha atenção aos sinais de alerta emitidos pelo corpo 

Antes de qualquer coisa, é importante identificar os sinais que seu corpo transmite quando está em desequilíbrio. Saiba quais são alguns deles:

  • queda excessiva de cabelo;
  • impaciência;
  • medo;
  • irritação;
  • tonturas;
  • dores de cabeça constantes;
  • baixa imunidade;
  • distúrbios estomacais e cardíacos;
  • aumento da pressão arterial;
  • insônia;
  • dores no corpo;
  • falta de atenção e de concentração.

Saiba que o autoconhecimento é a chave da mudança

Entender o que precisa mudar é o primeiro passo para encontrar o equilíbrio emocional. É importante identificar os pontos que devem ser trabalhados e quais são os gatilhos que ativam as crises nervosas. Pense em como você reage quando alguém responde com rispidez. O que dá vontade de fazer?

Tente não se julgar. Veja quais são as suas respostas diante de imprevistos desagradáveis. A partir do momento em que já sabe o que costuma tirar você do sério, pense em como seriam suas ações se fossem menos inflamadas.

Confira as dicas para alcançar o equilíbrio emocional

Acalme a sua mente 

Já parou para pensar que passamos o dia inteiro estimulando o cérebro com pensamentos e informações? Tente tirar uma parte do dia para se desconectar de qualquer tipo de aparelho eletrônico e faça algo que proporcione relaxamento e satisfação pessoal.

Vale cuidar de plantas, dar uma volta a pé pelo bairro, meditar, ouvir uma boa música. É importante estabelecer uma rotina para que a mente entenda que essa é uma pausa necessária e revigorante. Você também pode criar o hábito de saborear um chá relaxante após o banho enquanto lê um bom livro, por exemplo.

Tenha boas noites de sono

Durante o sono, o corpo se recupera do dia que terminou. Nesse período, ele pode reforçar a imunidade, renovando as células e neutralizando os radicais livres. 

É também durante uma boa noite de sono que acontece a restauração do sistema nervoso central, o que permite que os neurônios possam transmitir informações adequadas entre eles. Por isso, dormir mal gera irritação, confusão mental e alterações de humor.

Assim, a dica é dormir pelo menos entre sete e nove horas, para garantir qualidade de vida. Para ajudar a ter um sono tranquilo, não consuma alimentos pesados à noite; prefira sopas, legumes ou uma refeição mais leve. Evite também consumir alimentos com cafeína antes de dormir.

É recomendável, ainda, não mexer no celular ou assistir à televisão pelo menos uma hora antes de se deitar.

Pratique atividades físicas

Os exercícios físicos melhoram a qualidade de vida, reestruturam o sono e liberam hormônios importantes para manter o bem-estar. O ideal é procurar uma atividade com a qual você tenha afinidade. Práticas como pilates e yoga são alternativas às academias tradicionais e ajudam bastante a manter a concentração, consciência corporal e equilíbrio emocional.

Atividades ao ar livre também contribuem para o bem-estar, ajudando a reduzir a ansiedade e a depressão. Caminhar, correr, nadar, andar de bicicleta. Não importa. Vale de tudo para colocar o corpo em movimento e garantir os benefícios que a prática constante de exercícios pode proporcionar, como o aumento de autoestima, consciência corporal, flexibilidade e fortalecimento muscular.

Faça atividades que tragam sentido à sua vida

Dedicar parte do seu tempo a atividades voluntárias, que contribuam com a sociedade de alguma maneira, proporciona grandes benefícios. Quando nos colocamos disponíveis para ajudar alguém ou alguma causa, agregamos sentido às nossas ações, o que aumenta a sensação de felicidade e realização.

Além disso, quando nos deparamos com pessoas que se encontram em uma situação desfavorável, temos a oportunidade de reavaliar nosso comportamento e perceber que estamos dando importância demais para algo que pode ser resolvido de forma mais simples, com uma mudança de pensamento ou de atitude. 

Isso pode despertar ainda o sentimento de gratidão que, substituído pelo hábito de reclamar, vai tirar o peso de muitas situações.

Busque autoconhecimento

Como já mencionamos, uma das melhores formas de alcançar o equilíbrio emocional é entrar em contato com você mesmo. Afinal, ao conhecer a fundo os seus medos, objetivos, sonhos e frustrações, fica mais fácil agir de forma positiva e proativa diante de situações difíceis.

A meditação é uma excelente maneira de buscar o autoconhecimento. Tire pelo menos 15 minutos de seu dia para praticá-la. Para isso, busque um local tranquilo, sente-se ou deite-se de forma confortável. Feche os olhos e respire várias vezes, inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca lentamente.

Concentre seus pensamentos em sua respiração. No início, sua mente vai ficar agitada, mas, aos poucos, você aprenderá a deixar os pensamentos acelerados em segundo plano. Essa prática é muito importante para desenvolver a atenção plena no presente e liberar o estresse e a ansiedade.

Para ajudar, você pode utilizar aplicativos de meditação guiada. O HeadSpace, por exemplo, ensina algumas técnicas de respiração e de atenção plena, com exercícios diários de apenas alguns minutos. 

Respire fundo diante de situações estressantes

A meditação pode ajudar bastante no dia a dia. No entanto, existem outras técnicas para ajudar a lidar com situações estressantes.

Com certeza você já ouviu o conselho de alguém para respirar fundo antes de tomar uma atitude de cabeça quente, não é? Em situações extremas, a respiração se torna ofegante e curta. 

Nesses momentos, tente a técnica do 4-7-8. Não sabe como funciona? A gente explica: você deve inspirar pelo nariz contando até quatro. Prenda a respiração por sete segundos. Em seguida, solte o ar pela boca por oito segundos. Repita a técnica quantas vezes for preciso, até se acalmar e conseguir agir tranquilamente.

Aceite o que não pode ser mudado

Nem tudo na vida será como você espera — e tudo bem. Não há problema nenhum em sair do planejamento, encontrar pessoas que pensem de forma diferente ou lidar com imprevistos. Essas coisas acontecem e não é preciso se desesperar. Liberte-se daquilo que não é de sua responsabilidade ou não está ao seu alcance para que seja resolvido.

Além disso, evite criar expectativas. Ao apostar todas as fichas nelas, certamente a frustração vai desajustar o seu equilíbrio emocional. Procure lidar com as decepções e encare-as como uma oportunidade de amadurecimento.

Alimente-se melhor

As escolhas alimentares têm impacto direto no corpo e na mente. Algumas substâncias potencializam a agitação e o estresse, como a cafeína, o álcool, o açúcar ou o sal em excesso. Além disso, a falta de alguns nutrientes no organismo também pode interferir nas emoções. 

Por outro lado, optar por uma alimentação balanceada favorece bastante o equilíbrio emocional. Veja alguns exemplos de alimentos para incluir em seu cardápio:

  • oleaginosas, como amêndoa, pistache, avelã e castanha do pará, são ricas em antioxidantes, que reduzem o cansaço excessivo;
  • a batata-doce é rica em magnésio, que auxilia no controle da angústia e da tristeza;
  • a banana contém triptofano, substância que atua na produção de serotonina, aumentando o bom humor e o relaxamento;
  • o cacau contém flavonoides, que estimulam a produção de endorfina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar. Melhora os níveis de serotonina também.

Entenda a importância da alimentação saudável para o equilíbrio emocional

Como explicamos, as boas escolhas alimentares contribuem não somente para o funcionamento adequado do organismo. Ao evitar excessos e optar por alimentos saudáveis e naturais, a sensação de bem-estar é maior. Isso interfere diretamente em seu humor e na forma de encarar as dificuldades do cotidiano.

No entanto, todos sabemos que existe uma grande ligação entre o estresse, a ansiedade e o consumo de alimentos, não é? Quem nunca ouviu falar de confort food, ou seja, uma determinada comida que proporciona conforto e bem-estar diante de algumas situações?

Pode ser um prato que remeta à infância, um ingrediente que proporcione saciedade ou que aumente a produção de endorfinas. O grande problema disso é que normalmente esses alimentos contêm grande quantidade de açúcar e carboidratos.

Na verdade, o consumo de açúcar e carboidratos não é prejudicial, desde que feito de forma equilibrada. Assim, se perceber que está compensando alguma emoção com o consumo exagerado de doces, chocolates ou itens industrializados, respire fundo e interrompa esse processo. Confira algumas dicas para investir em uma alimentação balanceada e mais saudável.

Mantenha o equilíbrio de nutrientes

A elevação da quantidade de gorduras no sangue, a hipertensão, a queda da imunidade ou mesmo o aumento de peso refletem um estilo de alimentação desequilibrado. 

No entanto, os reflexos da má alimentação vão muito além do surgimento dessas doenças. A depressão e a ansiedade têm relação direta com os níveis de serotonina, uma substância que atua como neurotransmissor no cérebro.

Para que o organismo produza a serotonina, são necessárias vitaminas do complexo B, além de triptofano e magnésio, que são nutrientes presentes nos alimentos. Vale destacar que a maior parte da serotonina é produzida no intestino, órgão responsável por digerir e absorver os nutrientes.

Controle o estresse com a alimentação

Além das dicas que já demos para manter o equilíbrio nutricional, vale a pena apostar na boa alimentação também para manter o estresse sob controle. Bebidas alcoólicas ou com cafeína, por exemplo, tendem a aumentar o estresse, apesar da sensação momentânea de bem-estar. 

A alimentação equilibrada ajuda a repor os nutrientes usados pelo organismo nos momentos de tensão. Assim, invista em ingredientes naturais e, se possível, orgânicos, pratos coloridos e variedade alimentar. 

Compreenda a relação entre o desequilíbrio emocional e o aumento de peso

Muitas pessoas, ao verem os ponteiros da balança subirem, recorrem aos mais diversos tipos de dieta. No entanto, essa é uma solução momentânea. Afinal, é preciso entender o que, de fato, levou ao aumento de peso e trabalhar na origem do problema. 

Como dissemos, é comum que em momentos de ansiedade ou angústia, as pessoas recorram a alimentos que contenham substâncias que geram bem-estar e conforto. Porém, quando isso se torna uma prática frequente, o aumento de peso é inevitável. O vínculo entre a alimentação e as emoções é muito maior do que imaginamos.

No longo prazo, o exagero no consumo de alimentos pouco saudáveis pode gerar sensação de culpa ou mesmo transtornos alimentares, decorrentes de dietas restritivas e pouco saudáveis

Invista no controle de suas emoções

Ao manter as emoções sob controle, você não compensa sentimentos na comida e conquista maior felicidade e bem-estar em sua vida. Para fazer isso, é fundamental compreender os processos inconscientes que causam determinados sentimentos. 

Neste post, falamos sobre o equilíbrio emocional e como a mudança de alguns hábitos pode ajudar a adquiri-lo. Importante esclarecer que não existem fórmulas prontas nem prazos mínimos para dar certo. Tudo depende da maneira como você encara as situações e do seu empenho em aplicar as estratégias citadas em seu cotidiano.

 

LIV UP