VocĂȘ jĂĄ deve ter ouvido falar bastante sobre a inteligĂȘncia emocional.
Afinal, Ă© um termo em evidĂȘncia.
Por outro lado, talvez nĂŁo saiba exatamente o que o conceito significa, nem como repercute em seus objetivos profissionais e pessoais.
Para começarmos a entender o tema, vamos recorrer a uma frase clĂĄssica, que diz que “as pessoas sĂŁo contratadas por suas habilidades tĂ©cnicas, mas sĂŁo demitidas pelo seu comportamento”.
Essa é uma sentença ainda atual, mas não nova.
Ela representa a realidade das organizaçÔes ao longo das Ășltimas dĂ©cadas.
Na atual era digital, cada vez mais os aspectos tĂ©cnicos vĂȘm sendo supridos pelos avanços tecnolĂłgicos, como a partir da inteligĂȘncia artificial e do machine learning, o aprendizado da mĂĄquina.
A exigĂȘncia, entĂŁo, se volta para o desenvolvimento de habilidades comportamentais, as chamadas soft skills, em um processo que precisa ser contĂnuo para lidar com as situaçÔes complexas jĂĄ existentes e as que ainda irĂŁo surgir.
Pois uma das soft skills mais importantes (e tambĂ©m mais difĂceis de se desenvolver) Ă© justamente a inteligĂȘncia emocional.
Quando bem trabalhada, essa Ă© uma competĂȘncia que traz maior equilĂbrio na vida pessoal e sucesso profissional para quem almeja evoluir na carreira.
A dĂșvida que atĂ© entĂŁo pairava nas organizaçÔes Ă© se a inteligĂȘncia emocional nĂŁo seria uma habilidade inata.
Hoje, sabemos que nĂŁo: ela nĂŁo sĂł pode como deve ser desenvolvida por cada um de nĂłs.
O que Ă© InteligĂȘncia Emocional?
De acordo com a psicologia, inteligĂȘncia emocional Ă© a capacidade de identificar e lidar com as emoçÔes e sentimentos pessoais e de outros indivĂduos.
Um exemplo Ă© a pessoa que consegue terminar suas tarefas e atingir suas metas, mesmo sentindo-se triste e ansiosa ao longo de um dia de trabalho.
Ou seja, Ă© uma habilidade que permite que as pessoas gerenciem melhor seus sentimentos e a forma que agirĂŁo com base neles.
Como surgiu a inteligĂȘncia emocional?
A primeira referĂȘncia Ă inteligĂȘncia emocional de que se tem notĂcia Ă© do sĂ©culo XIX, de autoria do naturalista Charles Darwin.
à bem verdade que, à época, o conceito mais preciso era o de expressão emocional.
Tinha muito mais a ver com o instinto de sobrevivĂȘncia e com a teoria evolucionista de adaptabilidade do que com o sentido que conhecemos hoje.
Depois, jĂĄ no sĂ©culo XX, vieram outras ideias como as de inteligĂȘncia social, que tratava sobre a capacidade humana de compreender e motivar uns aos outros, e a de inteligĂȘncias mĂșltiplas, que abordava os aspectos intra e interpessoais.
Aqui, com o psicólogo Howard Gardner, foi a primeira vez que se procurou entender os próprios sentimentos, motivaçÔes e medos.
Sem dĂșvida, foram referĂȘncias importantes, que contribuĂram para se chegar Ă definição atual de inteligĂȘncia emocional.
Porém, o termo em si foi usado pela primeira vez somente em 1990 pelos pesquisadores Peter Salovey e John D. Mayer, na revista Imagination, Cognition and Personality.
O papel de Daniel Goleman
Todos os teĂłricos, cientistas, pesquisadores e psicĂłlogos citados tiveram a sua participação no desenvolvimento do conceito e de estudos envolvendo a inteligĂȘncia emocional.
Mas nenhum deles tem um papel tĂŁo fundamental quanto o escritor Daniel Goleman, autor do best seller Emotional Intelligence, de 1995.
SĂł para vocĂȘ ter uma ideia, a obra vendeu mais de 5 milhĂ”es de cĂłpias e foi traduzida para 40 idiomas diferentes.
Ou seja, Goleman foi o responsåvel por popularizar o tema, levando o assunto a diversas camadas da sociedade, para além da academia.
Ao contrĂĄrio de seus colegas e antecessores, a linguagem usada por ele Ă© muito mais acessĂvel ao pĂșblico em geral, facilitando a compreensĂŁo.
O tom persuasivo também é uma marca de Goleman, que foi colunista do The New York Times por 12 anos.
Ele escrevia no caderno de CiĂȘncias e focava seus textos especialmente no comportamento humano e no funcionamento do cĂ©rebro.
Em termos mais conceituais, o autor foi o primeiro a se aprofundar de fato na complexidade da inteligĂȘncia emocional.
Goleman apresentou resultados de novos estudos sobre a mente humana, associando diversos aspectos da nossa personalidade Ă s habilidades cognitivas.
Entre as suas principais contribuiçÔes tĂ©cnicas estĂĄ a criação do conceito de Quociente Emocional (QE), um complemento ao Quociente de InteligĂȘncia, o famoso QI.
Segundo Goleman, a capacidade de uma pessoa em lidar com suas emoçÔes Ă© muito mais importante que a sua competĂȘncia de processar informaçÔes.
Ele inclusive dĂĄ nĂșmeros a essa relação.
O sucesso de uma pessoa, de acordo com o pesquisador, tem 80% a ver com o seu QE, enquanto o QI Ă© responsĂĄvel pelos outros 20%.
Afinal, do que adianta ter um nĂvel de conhecimento acima da mĂ©dia e nĂŁo saber trabalhar suas emoçÔes?
Fundamentos do modelo de Goleman
O modelo de Goleman possui uma série de fundamentos que se baseiam no desenvolvimento de habilidades comportamentais para uma melhor gestão das emoçÔes.
NĂŁo Ă toa, o cientista conceitua inteligĂȘncia emocional como a competĂȘncia para gerenciar sentimentos, de maneira que eles contribuam para as tomadas de decisĂ”es e o bem-estar geral.
O que Ă© ser uma pessoa inteligente?
Por anos, a medida da inteligĂȘncia era dada exclusivamente pelo Quociente de InteligĂȘncia (QI) de uma pessoa.
No conceito de QI estå, em linhas gerais, a habilidade de raciocinar, pensar problemas de forma abstrata, gerar soluçÔes para assuntos complexos e aprender rapidamente.
Tudo isso se relaciona com o desenvolvimento cognitivo dos indivĂduos.
Contudo, muitos estudiosos passaram a questionar essa teoria da inteligĂȘncia Ășnica.
Em contraposição a essa corrente, Howard Gardner elaborou a teoria das mĂșltiplas inteligĂȘncias na dĂ©cada de 1980.
De acordo com o novo estudo, tanto Pelé como Einstein são exemplos de pessoas muito inteligentes.
PelĂ© se destaca na inteligĂȘncia corporal-cinestĂ©sica, enquanto Einstein leva “nota 10” na inteligĂȘncia lĂłgica-matemĂĄtica.
De acordo com Gardner, existem 8 tipos de inteligĂȘncia.
SĂŁo eles:
- LinguĂstica: comunicação oral e escrita, lidar com palavras. PolĂticos, poetas e jornalistas costumam ser referĂȘncia
- Musical: produz e diferencia sons, ritmos e timbres
- LĂłgica/MatemĂĄtica: resolução de cĂĄlculos e problemas. Cientistas, acadĂȘmicos e engenheiros sĂŁo os destaques
- Visual/Espacial: visĂŁo do todo, 3D, reconhecimento especial. Pintores, fotĂłgrafos e designers sĂŁo exemplos de profissionais com essa inteligĂȘncia bem desenvolvida
- Corporal/Cinestésica: não só os atletas a utilizam, mas também profissÔes como cirurgiÔes e artistas plåsticos, pois devem fazer um uso racional de seu corpo ao exercer a profissão
- Interpessoal: auxilia na interpretação dos gestos e palavras na esfera social. Permite a empatia
- Intrapessoal: possibilita que possamos nos compreender e nos controlar internamente
- Naturalista: detecta e relaciona questĂ”es da natureza. EstĂĄ ligada Ă sobrevivĂȘncia do ser humano.
A inteligĂȘncia emocional, da forma abordada por Daniel Goleman, que Ă© considerado o pai desse conceito, estĂĄ relacionada aos itens 6 e 7 da teoria de Gardner.
Nos prĂłximos tĂłpicos, abordaremos outros aspectos de seu ponto de vista com mais detalhes.
O que significa ter domĂnio de sua inteligĂȘncia emocional?
Dominar sua inteligĂȘncia emocional significa ser capaz de perceber suas emoçÔes, saber nomeĂĄ-las, entendendo seus gatilhos, para, entĂŁo, desenvolver formas de lidar com elas.
E elas sĂŁo muitas.
Felicidade, raiva, angĂșstia, medo, alĂvio, tĂ©dio… Alguns estudos falam em 27 emoçÔes, enquanto outros abrem esse leque para quase 50.
O grande desafio é que temos geraçÔes de pessoas que cresceram sendo ensinadas a nomear tudo como tristeza, alegria, medo e raiva.
Assim, se a angĂșstia decorrente de uma situação de conflito e contradição for taxada como tristeza, serĂĄ difĂcil de dominar, pois o sentimento por trĂĄs Ă© mais complexo.
Pode até envolver a tristeza, mas não se limita a ela.
Ter consciĂȘncia das emoçÔes existentes que se pode experimentar permite que vocĂȘ entenda tambĂ©m quais sĂŁo os gatilhos de cada uma.
E, a partir disso, serĂĄ possĂvel desenvolver formas de lidar com elas.
Com o tempo, vocĂȘ percebe que estĂĄ com mais jogo de cintura, que se tornou uma pessoa mais leve, otimista e que resolver problemas nĂŁo Ă© mais um fardo.
A partir desse momento, vocĂȘ terĂĄ domĂnio de sua inteligĂȘncia emocional.
Quais sĂŁo os 5 pilares da inteligĂȘncia emocional?
O modelo de Goleman se fundamenta a partir de uma sĂ©rie de competĂȘncias que, por sua vez, sĂŁo sustentadas por estes cinco pilares da inteligĂȘncia emocional.
Os trĂȘs primeiros sĂŁo intrapessoais, e os dois Ășltimos, interpessoais.
Confira:
1. Conhecer suas emoçÔes
O primeiro pilar Ă© a autoconsciĂȘncia, que nada mais Ă© do que a capacidade de entender como as emoçÔes funcionam.
Ou seja, Ă© preciso compreender como elas surgem, de onde vĂȘm e de que maneira se manifestam.
Normalmente, os sentimentos propiciam dois tipos de reaçÔes: as psicolĂłgicas e as fĂsicas.
As primeiras são pensamentos e crenças, jå as segundas são sintomas como arrepios e taquicardia, por exemplo.
Uma emoção como a angĂșstia pode despertar crenças limitantes e pensamento negativos que remetam Ă falta de capacidade, assim como manifestaçÔes fĂsicas como palpitaçÔes e dores abdominais.
2. Controlar suas emoçÔes
O segundo pilar é a autorregulação das emoçÔes.
Ou seja, a competĂȘncia de gerenciar os seus sentimentos.
Depois de conseguir reconhecer o que vocĂȘ sente, fica mais fĂĄcil controlar essas diferentes sensaçÔes.
Seguindo o exemplo anterior, vamos supor que vocĂȘ sempre sinta angĂșstia em determinadas situaçÔes na sua rotina de trabalho, que geram aquelas respostas fĂsicas e psicolĂłgicas jĂĄ mencionadas.
Para começar a dominar esse sentimento ruim, o primeiro passo é identificar quais circunstùncias o despertam.
Diversas estratĂ©gias podem ser Ășteis nesse sentido, como conversar consigo mesmo ou manter um diĂĄrio pessoal.
A ideia Ă© sempre lembrar que vocĂȘ tem uma escolha, que o controle das emoçÔes estĂĄ em suas mĂŁos.
3. Desenvolver a automotivação
O terceiro pilar diz respeito a se motivar e se manter motivado.
Para isso, vocĂȘ precisa usar as emoçÔes ao seu favor, em prol de algum objetivo especĂfico, seja ele pessoal ou profissional.
Se a sua meta Ă© ser promovido, por exemplo, o exercĂcio que deve ser feito Ă©: de que maneira posso gerir meus sentimentos, de modo a ter decisĂ”es mais assertivas que me permitam aproveitar as oportunidades?
Privilegiar a razĂŁo em qualquer cenĂĄrio parece ser a decisĂŁo mais Ăłbvia, mas, na verdade, a chave para o sucesso estĂĄ no equilĂbrio entre as duas esferas.
4. Desenvolver a empatia
O quarto pilar tambĂ©m Ă© o primeiro que aborda as competĂȘncias interpessoais, e nĂŁo apenas as habilidades individuais, onde precisamos lidar apenas com o nosso Ăntimo.
O desenvolvimento da empatia, neste caso, vai alĂ©m do conceito mais conhecido de “se colocar no lugar do outro”.
Aqui, soma-se a esse exercĂcio reconhecer que as demais pessoas ao seu redor, amigos, famĂlia e colegas de trabalho, tambĂ©m tĂȘm as suas emoçÔes e precisam aprender a lidar com elas.
Talvez, o estĂĄgio de desenvolvimento da inteligĂȘncia emocional deles esteja atrasado em relação ao seu, mas nĂŁo hĂĄ espaço para julgamentos.
5. Desenvolver o relacionamento interpessoal
O ser humano vive de suas relaçÔes.
Desde os primĂłrdios, nos unimos para sermos mais fortes e superar os obstĂĄculos juntos.
O quinto e Ășltimo pilar trata sobre isso.
A necessidade de nos relacionarmos com o outro e como as competĂȘncias sociais podem ser Ășteis nesse sentido.
Principais caracterĂsticas de pessoas com InteligĂȘncia Emocional
Daniel Goleman, ao atribuir 80% do sucesso das pessoas a fatores relacionados Ă inteligĂȘncia emocional, identificou cinco caracterĂsticas principais entre aquelas que apresentam a habilidade.
SĂŁo elas:
AutoconsciĂȘncia
Pessoas que se conhecem.
Significa ter consciĂȘncia de suas fortalezas, fraquezas e limitaçÔes.
Essas pessoas aprendem a explorar suas potencialidades e respeitam seus limites.
Automotivação
Ă algo interno.
Permite colocar os sentimentos a serviço de suas metas pessoais.
Perseverança, resiliĂȘncia e iniciativa sĂŁo caracterĂsticas de pessoas automotivadas.
Reconhecimento das emoçÔes em outras pessoas
Sentir o outro em um ambiente social, perceber suas dores e necessidades, ter empatia.
Isso requer habilidade e muito treino.
Controle emocional
Capacidade de lidar com situaçÔes adversas, mantendo o controle e a segurança, de forma positiva e menos estressante.
Pessoas que conseguem barrar seus impulsos tĂȘm maiores chances de manter um controle emocional frequente.
Relacionamentos interpessoais
Interagir em ambiente social.
Estar emocionalmente disponĂvel, ser persuasivo, influente e saber administrar conflitos.
Com quais dessas caracterĂsticas vocĂȘ se identificou e quais acredita que precisa trabalhar mais a fundo?
Uma coisa Ă© certa: qualquer um pode evoluir e desenvolver a inteligĂȘncia emocional.
Por que Ă© importante desenvolver a inteligĂȘncia emocional?
Se vocĂȘ ainda nĂŁo se convenceu da importĂąncia do desenvolvimento da inteligĂȘncia emocional, preste atenção neste tĂłpico.
Ao pensar em liderança, muitos descrevem diversas caracterĂsticas cognitivas (visĂŁo estratĂ©gica, raciocĂnio rĂĄpido, entre outras) e sempre acrescentam a palavra liderança inspiradora.
Para inspirar, um lĂder precisa mexer com as emoçÔes.
E isso pode ser um problema, tanto para si, como para sua equipe.
A grande questão é: como direcionar a sua emoção e a de outras pessoas habilmente para que todos possam ter uma performance superior?
Vamos mudar o contexto para chegarmos a um entendimento melhor.
Pense na educação de uma criança.
Os pais sĂŁo os lĂderes inspiradores, certo?
Da mesma forma, se vocĂȘ nĂŁo souber lidar com suas emoçÔes como pai/mĂŁe, como conseguirĂĄ ensinar seus filhos a lidar com as emoçÔes deles, para que se tornem adultos inteligentes emocionalmente?
Essas questĂ”es demonstram a importĂąncia de desenvolvermos a inteligĂȘncia emocional diariamente, pois, como seres humanos, experimentamos diferentes emoçÔes o tempo inteiro.
E, pior ainda, nossas emoçÔes podem levar a um efeito em cadeia ao nosso redor.
Basta lembrar quando alguém chega ao escritório esbanjando raiva.
Cada palavra e gesto refletem sua emoção, certo?
De repente, o clima no departamento fica ruim.
Todos começam a tratar uns aos outros de forma raivosa, mas sem motivo aparente.
Lembre-se: sentimentos sĂŁo contagiosos, para o bem e para o mal.
Portanto, a forma como reagimos a cada uma dessas emoçÔes nos ajuda a alcançar nossos objetivos pessoais e profissionais.
E isso tambĂ©m permite que sejamos melhores lĂderes, desenvolvendo relacionamentos saudĂĄveis, com uma vida mais equilibrada e feliz.
InteligĂȘncia Emocional no trabalho
Considere a seguinte situação: vocĂȘ vai apresentar um importante projeto de sua divisĂŁo de negĂłcios para o vice-presidente global em uma hora.
Tecnicamente, estĂĄ tudo impecĂĄvel.
VocĂȘ revisou cada ponto com o time envolvido e estĂŁo todos de acordo e confiantes que o projeto serĂĄ aprovado.
VocĂȘ estĂĄ muito satisfeito com o trabalho.
EntĂŁo, resolve fazer uma pausa para saborear um cafezinho.
Ao chegar lĂĄ, encontra um grupo de colegas.
No meio da conversa, alguĂ©m faz uma brincadeira com vocĂȘ.
Todos riem e seguem a conversa.
Contudo, algo naquela brincadeira mexeu com seu emocional.
VocĂȘ nĂŁo consegue identificar o que aconteceu, mas isso o desestabiliza.
Sua confiança para a apresentação vai embora, e uma ansiedade sem fim toma conta de vocĂȘ.
A apresentação que parecia estar perfeita agora parece estar cheia de defeitos.
VocĂȘ se torna o pĂąnico em pessoa.
E o cenĂĄrio continua se deteriorando.
Na hora “H”, perante o VP global, vocĂȘ se enrola, nĂŁo defende seu ponto de vista, nĂŁo sustenta seus argumentos, nem sua construção lĂłgica.
AtĂ© seu inglĂȘs impecĂĄvel o deixa na mĂŁo.
Tudo vai por ĂĄgua abaixo e seu projeto nĂŁo Ă© aprovado.
O que serĂĄ que aconteceu?
Qual gatilho emocional aquela brincadeira disparou?
Quais emoçÔes foram despertadas?
Uma pessoa com inteligĂȘncia emocional saberia identificar a emoção que a brincadeira despertou.
E, ao perceber, usaria alguma tĂ©cnica para contĂȘ-la naquele momento para poder continuar desempenhando seu papel na apresentação.
Existem diversas tĂ©cnicas de PNL (Programação NeurolinguĂstica), como a Ăąncora, na qual a pessoa recorre a uma imagem positiva que permite que, com ela, se restabeleça o controle emocional rapidamente.
Contudo, esse nĂŁo foi o caso.
E sua carreira pode ser prejudicada por episĂłdios como esse.
Esse Ă© um exemplo do ambiente profissional, mas, na vida pessoal, existem diversas outras situaçÔes similares que poderĂamos contornar melhor com inteligĂȘncia emocional.
Exemplos de soft skills em alta no mercado
As habilidades comportamentais, também chamadas de soft skills, ganham cada vez mais força no mercado.
NĂŁo Ă© como se as competĂȘncias tĂ©cnicas ou hard skills estejam perdendo espaço.
Elas seguem sendo necessĂĄrias.
Mas os atributos nĂŁo tĂ©cnicos surgem como diferenciais em um mercado em que a concorrĂȘncia estĂĄ cada vez mais especializada.
Para 2021, o LinkedIn Workplace-Learning Report indica a resiliĂȘncia e a criatividade com as duas principais soft skills do momento.
GeraçÔes mais antigas, como os Boomers, a Geração X e atĂ© os Millennials, estĂŁo preocupados em desenvolver competĂȘncias como liderança e comunicação, tambĂ©m aponta o estudo.
JĂĄ o Global Talent Trends acrescenta outras habilidades Ă lista:
- Adaptabilidade
- Colaboração
- PersuasĂŁo
- InteligĂȘncia Emocional.
Escuta ativa, inovação, trabalho em equipe e ética são atributos que também aparecem no levantamento da The Ladders com as soft skills mais requisitadas no mercado atualmente.
Para 2025, o estudo anual Future of Jobs, do FĂłrum Mundial da Economia, traz outros insights de competĂȘncias comportamentais que ganharĂŁo mais força, como:
- Pensamento analĂtico
- Capacidade de resolver problemas complexos
- Iniciativa
- Originalidade
- Pensamento crĂtico
- TolerĂąncia ao estresse
- Flexibilidade.
Habilidades sociais indispensĂĄveis para qualquer profissional
Dentro das soft skills podemos fazer uma subdivisĂŁo, que sĂŁo as chamadas habilidades sociais.
Nesse tipo de competĂȘncia sĂŁo trabalhadas questĂ”es interpessoais e, portanto, a busca pelo estabelecimento de relaçÔes mais prĂłximas uns com os outros.
Algumas aptidÔes jå mencionadas cabem aqui também, como, por exemplo:
- Trabalho em equipe
- Empatia
- Escuta ativa.
E outras podem ser adicionadas:
- Tolerùncia e respeito às diferenças.
- Mente aberta
- Resolução de conflitos.
Por que uma empresa precisa de colaboradores com inteligĂȘncia emocional?
Empresas que investirem em colaboradores com uma inteligĂȘncia emocional bem desenvolvida ou em ferramentas para capacitar melhor seus funcionĂĄrios com essa habilidade sĂł tĂȘm a ganhar.
Quem diz isso Ă© a ciĂȘncia.
Um estudo publicado pelo American Journal of Pharmaceutical Education mostra que profissionais com uma alta IE tĂȘm:
- Mais acerto nas suas tomadas de decisĂŁo
- Maior facilidade para lidar melhor com estresse
- Mais chances de construir e sustentar relacionamentos colaborativos positivos
- Maior adaptabilidade para assimilar mudanças
- Uma capacidade maior de resolver conflitos.
Como as empresas podem impulsionar o desenvolvimento da inteligĂȘncia emocional?
Diante de tantos benefĂcios, vocĂȘ pode estar se perguntando “o que pode ser feito para desenvolver mais e mais a inteligĂȘncia emocional nos colaboradores?”.
Na verdade, existem inĂșmeras estratĂ©gias, mas talvez aquelas mais palpĂĄveis e que trazem os melhores resultados sejam os treinamentos especializados, como coaching, mentoria e psicoterapia.
VocĂȘ pode optar por sessĂ”es em grupo, se a sua empresa contar com um grande nĂșmero de funcionĂĄrios, ou por atendimento individuais e personalizados, caso seu negĂłcio seja de pequeno porte ou o direcionamento seja mais pontual.
Qual Ă© a importĂąncia da inteligĂȘncia emocional na gestĂŁo de crises?
Quando vocĂȘ pensa em crise, Ă© natural associar esse momento difĂcil e de incertezas a sentimentos como estresse, angĂșstia, ansiedade, frustraçÔes e assim por diante.
Portanto, saber contornar todas essas sensaçÔes ruins se mostra um grande desafio.
Para isso, vocĂȘ precisa contar com a inteligĂȘncia emocional.
Afinal, um dos grandes preceitos dessa soft skill estĂĄ justamente em gerenciar nossos sentimentos e usĂĄ-los a nosso favor.
Ou seja, profissionais que tiverem uma IE bem desenvolvida vĂŁo conseguir lidar melhor com as crises, pois conseguem se manter automotivados mesmo diante das adversidades.
AlĂ©m disso, esses colaboradores possuem empatia e Ăłtimos relacionamentos interpessoais, duas caracterĂsticas muito Ășteis para o trabalho em equipe, que ajudam a superar momentos de dificuldades.
08 dicas para vocĂȘ desenvolver a sua inteligĂȘncia emocional
Para lidar melhor com seu lado emocional e evitar ter sua carreira prejudicada por situaçÔes como a descrita no tópico anterior, tente praticar algumas das dicas a seguir.
Elas podem representar o ponto de partida para desenvolver a sua inteligĂȘncia emocional.
1. Crie consciĂȘncia sobre seu comportamento e suas reaçÔes
A melhor forma de criar consciĂȘncia sobre si Ă© se auto-observar.
Esse Ă© um exercĂcio que deve ser diĂĄrio.
Comece elencando os momentos de seu dia a dia que mais mexem com suas emoçÔes.
A rotina diĂĄria para quem tem filhos pode ser desestabilizadora: frustração, raiva, sentimento de impotĂȘncia, pouca valorização, esgotamento, enfim.
ReuniĂ”es semanais de equipe tambĂ©m podem causar impactos em vocĂȘ: sentimento de improdutividade, ciĂșmes entre membros, competição, entre outros.
Com essa lista pronta, entenda o que cada situação desperta e como vocĂȘ se sente antes e depois de cada evento.
Ă provĂĄvel que perceba uma tendĂȘncia a postergar cada vez mais aquilo que mexe negativamente com suas emoçÔes, mesmo que sejam tarefas importantes para atingimento de suas metas.
E, paralelamente, irĂĄ perceber que costuma realizar mais rapidamente tudo o que Ă© mais agradĂĄvel emocionalmente.
Aos poucos, leve essa consciĂȘncia para situaçÔes que fogem de sua rotina.
Isso Ă© ainda mais desafiador, contudo, fundamental.
Pare, observe e entenda como vocĂȘ reage e se comporta com as adversidades nĂŁo rotineiras.
Esse exercĂcio contĂnuo permitirĂĄ que vocĂȘ saia do automĂĄtico e compreenda melhor como trabalhar sua inteligĂȘncia emocional.
2. Domine suas emoçÔes
Existem inĂșmeras tĂ©cnicas.
CaberĂĄ a vocĂȘ colecionĂĄ-las em sua caixa de ferramentas pessoal e recorrer a elas nos momentos em que necessitar.
Uma forma de sair do automåtico e entender sua emoção naquele momento é dar um tempo para respirar profundamente.
Não é à toa que a respiração faz parte de processos de meditação e de ioga.
Use o inspirar e expirar para se acalmar, voltar ao seu estado normal, tirar as emoçÔes excessivas, permitindo que vocĂȘ retome sua capacidade de analisar a situação.
A raiva, por exemplo, Ă© considerada uma emoção que produz reaçÔes fĂsicas.
Ter uma bolinha para apertar nesses momentos pode ajudar a dominar esse sentimento.
Se tiver a possibilidade de se levantar e sair para dar uma volta pela empresa, pode ser uma alternativa.
Ao caminhar, vocĂȘ respira, deixa o corpo trabalhar as emoçÔes fĂsicas e pode, aos poucos, tentar entender seus sentimentos e como equilibrĂĄ-los.
O mindfulness também é uma forma de lidar com suas emoçÔes.
Essa tĂ©cnica permite que vocĂȘ perceba, por meio da atenção plena, seu corpo e mente, em situaçÔes desafiadoras, permitindo regular suas emoçÔes, criando um espaço mental.
As tĂ©cnicas de PNL, jĂĄ citadas anteriormente, entram novamente neste tĂłpico, sendo muito Ășteis para dominar as emoçÔes no dia a dia.
3. Melhore a comunicação ao seu redor
Muitas vezes, as emoçÔes vĂȘm Ă tona simplesmente por interpretaçÔes erradas de uma situação.
Aprender a se expressar significa não só falar e gesticular bem, mas também perceber se seu interlocutor compreendeu o que foi falado.
Diversas equipes vivem em estresse emocional simplesmente porque a comunicação é truncada.
Uma dica valiosa para melhorar essa habilidade Ă© colocar sentimento em sua fala: “Eu me senti desvalorizado quando vocĂȘ optou em apresentar o meu trabalho na reuniĂŁo em vez de permitir que eu mesmo apresentasse.”
4. Treine seu cérebro para pensar em respostas ao invés de reagir no automåtico
Quando vocĂȘ Ă© agredido verbalmente por uma pessoa, seu impulso Ă© rebater na mesma moeda?
Se sim, vocĂȘ estĂĄ deixando seu inconsciente emocional e impulsivo tomar conta de suas açÔes.
Daniel Goleman classifica isso como o cérebro emocional, em contraposição ao cérebro pensante.
Com treino constante, vocĂȘ deve tentar controlar o impulso do cĂ©rebro emocional para permitir que o pensante entre em cena.
No contexto das empresas, uma dica de ouro é a seguinte: nunca responda um e-mail que desperte emoçÔes logo após fazer sua leitura.
Espere alguns minutos, respire profundamente ou vå dar uma volta (olha a caixinha de ferramentas barrando o cérebro emocional) e só depois formule uma resposta.
Ao reagir no automĂĄtico, nos colocamos em uma posição contrĂĄria Ă inteligĂȘncia emocional.
5. Conheça suas forças, fraquezas e limites
Ao elencar suas forças, fraquezas e limites pessoais, vocĂȘ avançarĂĄ em sua jornada de autoconhecimento.
Suas forças irão ajudar a não só equilibrar suas fraquezas, mas também a explorar oportunidades.
Reconhecer suas fraquezas permite que vocĂȘ aprenda a pedir ajuda, valorize o trabalho dos outros e enxergue como cada um complementa o outro em uma equipe.
Por fim, os limites vĂŁo sinalizar quais sĂŁo seus pilares e valores inegociĂĄveis.
Devem ser conhecidos e respeitados para evitar uma dissonĂąncia cognitiva.
Lembre-se: respeitar a si prĂłprio Ă© uma das principais formas de demonstrar inteligĂȘncia emocional.
6. Exerça a empatia
Como a inteligĂȘncia emocional se refere ao reconhecimento nĂŁo sĂł das nossas emoçÔes, mas tambĂ©m dos outros, desenvolver empatia Ă© fundamental.
Tentar compreender como o outro se sente e suas emoçÔes desperta em cada pessoa a vontade de agir melhor.
Ser empĂĄtico significa olhar menos para seus problemas e olhar para fora, enxergar quem estĂĄ ao seu redor, com intuito de poder ajudar de verdade.
A empatia, quando bem trabalhada, gera conexĂŁo entre as pessoas.
Isso torna os ambientes de trabalho mais produtivos e as relaçÔes pessoais verdadeiras.
7. Torne-se resiliente
Problemas sempre existirĂŁo.
Somos humanos e nĂŁo vivemos em um mundo perfeito.
A boa notĂcia Ă© que podemos lidar com eles, superar obstĂĄculos e seguir em frente.
A resiliĂȘncia irĂĄ ajudar a lidar melhor com o estresse e com as tensĂ”es do ambiente de trabalho.
A frase famosa de Bill Gates “Ă© bom comemorar o sucesso, mas Ă© mais importante prestar atenção Ă s liçÔes do fracasso”, ilustra bem a questĂŁo da importĂąncia da resiliĂȘncia em nosso desenvolvimento pessoal.
Ao se tornar resiliente, as liçÔes aprendidas em momentos difĂceis irĂŁo propiciar que vocĂȘ ganhe musculatura emocional.
8. Aprenda a lidar com a pressĂŁo
Para qualquer cargo a ser exercido, sempre vai existir um nĂvel de responsabilidade e uma pressĂŁo proporcional a ele.
No entanto, profissionais com uma inteligĂȘncia emocional bem desenvolvida conseguem lidar melhor com esse estresse.
Um estudo realizado com enfermeiras mostrou uma relação inversamente proporcional entre a IE e o nĂvel de estresse.
Ou seja, quanto maior for a capacidade de lidar com os sentimentos e seus efeitos, menor o seu grau de esgotamento fĂsico e mental.
Autoconhecimento e inteligĂȘncia emocional: entenda a relação entre os dois
Autoconhecimento e inteligĂȘncia emocional estĂŁo tĂŁo intimamente relacionados que muita gente chega a confundir os dois conceitos.
A verdade Ă© que eles sĂŁo assuntos complementares.
Para vocĂȘ conseguir gerir melhor suas emoçÔes, Ă© preciso se conhecer de maneira mais profunda.
Ou seja, o autoconhecimento Ă© um princĂpio bĂĄsico para quem deseja desenvolver a IE.
No entanto, o princĂpio inverso tambĂ©m vale.
Se vocĂȘ pretender fazer esse exercĂcio de introspecção e viajar pelo seu Ăntimo, serĂĄ necessĂĄrio se expor, se mostrar vulnerĂĄvel quanto aos seus medos, dores, anseios e inseguranças.
Quando expomos essa vulnerabilidade para outras pessoas é que estabelecemos relaçÔes pessoais mais profundas e empåticas.
Empatia e relacionamento interpessoal, como jĂĄ vimos, sĂŁo preceitos fundamentais da inteligĂȘncia emocional.
Podemos resumir essa relação assim:
A empatia e o relacionamento interpessoal sĂŁo pilares da inteligĂȘncia emocional que, por sua vez, sĂł podem nascer a partir da exposição de nossas vulnerabilidades, processo que exige um elevado grau de autoconhecimento.
ConclusĂŁo
InteligĂȘncia Emocional
A inteligĂȘncia emocional Ă©, sem dĂșvida, determinante para o sucesso profissional e pessoal das pessoas.
No Ăąmbito profissional, essa habilidade permite que vocĂȘ coloque a sua parte cognitiva para funcionar, estabeleça parcerias, crie um ambiente de trabalho positivo e uma mentalidade de crescimento coletivo.
No Ăąmbito pessoal, vocĂȘ terĂĄ relacionamentos mais saudĂĄveis, criarĂĄ uma atmosfera de segurança emocional entre as pessoas queridas e educarĂĄ seus filhos para serem adultos conscientes de si.
E o primeiro passo para ter acesso a tudo isso Ă© entender que ela pode ser desenvolvida.
Ă uma jornada intensa, que durarĂĄ sua vida inteira, mas que, com certeza, serĂĄ recompensadora.
Ao se autoconhecer, vocĂȘ terĂĄ a possibilidade de viver uma vida mais leve, sem estresse e com melhores resultados.
ISIS KOELLE