quinta-feira, 30 de novembro de 2023

CRÍTICA E AUTOCRÍTICA


 

CRÍTICA E AUTOCRÍTICA

Criticar é uma mania nacional e, para muitos, tornou-se um håbito; porém sofrer uma crítica é deteståvel mesmo para quem adora uma crítica. Criticar parece algo normal, mas poucos estão preparados para receber críticas.

Nesse mundo castigado pelo amadorismo e com tantas parafernålias tecnológicas à nossa disposição, é comum aflorar nas pessoas aquela vontade incontrolåvel de participar do debate, independentemente do conhecimento sobre o assunto.

Nesse sentido, nĂŁo hĂĄ problema algum, afinal, temos livre arbĂ­trio para decidir entre o que queremos e nĂŁo queremos expressar diante de qualquer comportamento, fato ou opiniĂŁo, embora essa atitude nĂŁo produza efeito positivo em nossas vidas.

Como diz o adågio popular, se conselhos, críticas ou simpatias valessem alguma coisa, seríamos todos ricos, felizes e saudåveis; porém, quando a crítica se torna a atividade primordial do ser humano, talvez nem valha a pena discuti-la.

HĂĄ quem se deleite ao expressar uma crĂ­tica, sem o menor embasamento em pesquisa, sem fatos e dados, ou seja, sem fundamentação que mereça crĂ©dito e, pior, sem o senso crĂ­tico necessĂĄrio para expressar o melhor julgamento de determinada situação. É a crĂ­tica pelo simples prazer de criticar.

Disseram Ă s pessoas que Ă© importante se posicionar, mas esqueceram de dizer a elas que mais importante Ă© refletir antes de emitir qualquer opiniĂŁo ou crĂ­tica mais contundente. NĂŁo existe dĂșvida de que a internet democratizou a informação, e atĂ© exagerou; mas a “legiĂŁo de sabe tudo” cresce a cada dia.

Isso ocorre em todas as camadas da sociedade, por conta da pobreza de espĂ­rito e do instinto primitivo do ser humano. A maioria foi criada para competir e reagir, portanto, em vez de ler, estudar e compartilhar conhecimento, Ă© mais cĂŽmodo seguir a manada e replicar sem qualquer filtro.

A constatação é simples e, geralmente, pessoas que nada tem a ver com o problema são induzidas a participar, o que torna ainda mais ridícula a versão de quem iniciou a crítica.

Quantas vezes vocĂȘ jĂĄ foi induzido a participar de uma crĂ­tica no trabalho, na internet ou no happy hour ainda que nĂŁo tivesse a mĂ­nima vontade de contribuir para o acirramento do Ăłdio alheio?

Quantas vezes vocĂȘ foi capaz de interromper ou enfrentar um crĂ­tico e difamador apenas para nĂŁo colaborar com algo que considera um verdadeiro desperdĂ­cio de energia vital? Uma, duas, talvez nenhuma?

Por que isso acontece? Por inĂșmeras razĂ”es, entre as quais Ă© possĂ­vel destacar aquilo que eu chamo de AusĂȘncia de PADO no ser humano:

PrincĂ­pios: princĂ­pios que sĂŁo universais e valem para todas as pessoas, independentemente da cor, instrução, origem, opção sexual ou religiĂŁo. Amor, igualdade, liberdade e respeito valem para qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo; portanto, nĂŁo fazer aos outros aquilo que vocĂȘ nĂŁo quer que façam a vocĂȘ ou a qualquer um dos seus amigos e familiares continua muito atual.

Autocrítica: somos humanos, sujeitos a falhas; portanto, a autocrítica é o melhor antídoto contra a crítica. Talvez sejamos melhores do que outros em alguns aspectos e piores em outros; lutamos apenas em condiçÔes e terrenos diferentes.

Discernimento: saber conhecer distintamente, distinguir entre a realidade e a ficção, o justo e o injusto, o certo e o errado, o bem e o mal, sem tendĂȘncia ao prejulgamento ou influĂȘncia de terceiros. Saber discernir Ă© uma arte.

Objetivos: quando alguém não produz nada de bom e não tem a mínima preocupação com o futuro, torna-se mais crítico em relação àqueles que produzem coisas boas e ainda canalizam esforços para reduzir a hipocrisia do mundo.

NinguĂ©m Ă© imune a crĂ­ticas e, de modo geral, fomos condicionados a criticar desde cedo, influenciados pelo modelo mental dos nossos pais, amigos, conhecidos e parentes. É quase que involuntĂĄrio, mas ao longo do tempo torna-se prejudicial.

Uma coisa Ă© ter senso crĂ­tico, outra coisa Ă© a crĂ­tica vazia.

Ter senso crĂ­tico requer capacidade de anĂĄlise, de reflexĂŁo e de interpretação correta das informaçÔes antes de qualquer conclusĂŁo. Ser apenas crĂ­tico Ă© fruto do desconhecimento, da competitividade, da influĂȘncia alheia, da impulsividade, do preconceito, do prejulgamento e, em geral, da maldade humana.

Uma boa crĂ­tica, ou crĂ­tica construtiva, se Ă© que podemos chamar assim, requer cuidados mĂ­nimos e atitudes condizentes com os princĂ­pios e valores que somente as pessoas bem-intencionadas sĂŁo capazes de adotar, tais como: 

Conhecimento do assunto: qualquer crĂ­tica requer embasamento e, principalmente, um ponto de vista que estimule o aprendizado em vez de fomentar o Ăłdio e o desprezo pelas pessoas e ideias alheias. Criticar apenas porque os outros estĂŁo criticando, sem propriedade ou consistĂȘncia, Ă© uma atitude leviana que nĂŁo acrescenta nada na vida da pessoa tampouco na vida de quem ela critica.

Respeito Ă  opiniĂŁo alheia: uma coisa Ă© a pessoa imaginar que estĂĄ no caminho certo; outra coisa Ă© achar que seu caminho Ă© o Ășnico; portanto, admita que o outro, assim como vocĂȘ, deve ter seus motivos para se comportar daquela forma; cada um sabe da sua dor e da sua renĂșncia.

Assumir a responsabilidade: quem critica deve estar disposto a dar a cara para bater. Criticar de forma vil ou apunhalar os outros pelas costas, sem chance de defesa, escondido sob pseudĂŽnimos, nas conversinhas informais de botecos ou coisa que o valha, representa simplesmente um ato de covardia.

VocĂȘ costumar ter autocrĂ­tica na sua vida profissional???

 Esse termo estĂĄ relacionado Ă  capacidade interna que um indivĂ­duo tem de fazer uma crĂ­tica a si mesmo (a), e para si mesmo (a). A autocrĂ­tica se dĂĄ a partir da anĂĄlise dos seus prĂłprios atos, modo de agir, erros cometidos e possibilidades de melhoria.

Ser autocrĂ­tico (a) no setor profissional, principalmente quando vocĂȘ ocupa cargos de gestĂŁo, Ă© imprescindĂ­vel para se aperfeiçoar enquanto lĂ­der. Muitas vezes, a ausĂȘncia de autocrĂ­tica faz com que o gestor nĂŁo assuma as suas responsabilidades e nĂŁo se porte de acordo com o esperado pela sua equipe, o que resulta em uma liderança fracassada.

É importante entender que a autocrĂ­tica Ă© diferente do desenvolvimento emocional. A primeira questĂŁo diz respeito a saber olhar para si e compreender o que pode ser melhorado, enquanto a segunda consiste no trabalho das suas emoçÔes para obter maior controle e inteligĂȘncia emocional.

Quer ser um (a) lĂ­der de sucesso???

Aprenda, como usar a autocrĂ­tica nas suas atividades profissionais!

Como a autocrĂ­tica se difere da crĂ­tica depreciativa???

Quando se fala em autocrítica, hå quem pense que isso é apenas focar nos seus defeitos. Mas não é bem assim. Se autocriticar nada mais é do que analisar os seus pontos fortes, fracos e potencialidade e, assim, procurar fazer melhores escolhas não só para si, mas também para o seu time e empresa.

Se a pessoa se autocritica, mas sĂł olha para os seus defeitos e nĂŁo tenta buscar uma maneira de melhorĂĄ-los — ou mesmo acredita que tem apenas qualidades negativas —, isso pode ser chamado de crĂ­tica depreciativa. Comportar-se dessa maneira pode deixar a sua autoestima lĂĄ embaixo, alĂ©m de ser uma forma de se auto sabotar profissionalmente.

Geralmente, os profissionais que sĂŁo muito autocrĂ­ticos tĂȘm dificuldades para finalizar tarefas e projetos, pois acham que nĂŁo estĂŁo bons o suficiente e criticam a sua prĂłpria criatividade. Desse modo, ficam atrasados (as), acabam sofrendo demasiadamente se algo nĂŁo sai conforme o planejado, sĂŁo menos flexĂ­veis e nĂŁo sabem lidar com o inesperado.

Para as pessoas excessivamente autocrĂ­ticas, o copo vai estar sempre meio vazio, ou seja, nunca focam no que jĂĄ foi feito, mas no que ainda falta fazer. Por isso, elas nĂŁo conseguem receber elogios ou feedbacks de melhorias no seu trabalho. Ao receberem uma crĂ­tica do seu superior ou colega de trabalho, ficam se punindo e remoendo os seus erros.

Como usar a autocrĂ­tica a seu favor???

Buscar o equilĂ­brio Ă© o primeiro passo para que a autocrĂ­tica na profissĂŁo seja uma aliada e nĂŁo sua inimiga. Nessa etapa, Ă© necessĂĄrio compreender que se autocriticar nĂŁo Ă© apenas identificar erros. Afinal, esse processo tambĂ©m significa explorar os seus diferenciais, competĂȘncias, comportamentos e habilidades que podem ser desenvolvidos e serĂŁo Ășteis por toda a sua vida.

Tenha em mente que a autocrĂ­tica e autovalorização andam de mĂŁos dadas. As duas sĂŁo indispensĂĄveis para que vocĂȘ compreenda todo o seu potencial pessoal e profissional, e ajudam a eliminar limitaçÔes relacionadas a si mesmo.

Crie o håbito de analisar as suas próprias atitudes, avaliando as açÔes que realizou, algo que pensou ou disse em uma determinada situação. Com isso, a identificação de erros e acertos torna-se indispensåvel para o seu crescimento profissional.

É importante ressaltar que aprender com os seus erros Ă© uma parte crucial para que vocĂȘ amadureça profissionalmente.

Outro ponto a ser considerado Ă© fazer um planejamento. Isso porque, ao estabelecer metas e objetivos, as pessoas tĂȘm mais facilidade para perceber os resultados alcançados no decorrer do processo de autocrĂ­tica.

Como a autocrĂ­tica beneficia os gestores de uma agĂȘncia de comunicação???

A autocrĂ­tica Ă© extremamente benĂ©fica para os gestores que comandam uma agĂȘncia de comunicação, ajudando na autonomia no trabalho.

Quando os líderes do negócio se propÔem a olhar para as suas atividades, as ordens que dão, o modo como lideram e como contribuem para o ambiente organizacional, eles podem identificar gargalos, falhas e erros que estejam atrapalhando a conquista dos seus objetivos.

Uma vez identificados os problemas que estĂŁo impedindo o alcance de melhores resultados na agĂȘncia, os gestores podem analisar quais sĂŁo as melhores atitudes e soluçÔes para corrigi-los.

Por exemplo, pode acontecer de um gestor (a) ter uma comunicação ineficiente, o que atrapalha a compreensão por parte da sua equipe sobre como executar um projeto. Nesse contexto, podem acontecer vårios erros que gerem a perda de tempo, recursos e qualidade na entrega final.

Em uma situação como essa, o (a) líder deve estar disposto a ouvir a sua equipe para entender o que estå acontecendo, verificar se a crítica procede e, então, tomar medidas de correção.

Como a autocrĂ­tica auxilia no processo de feedback com a sua equipe???

O feedback Ă© de suma importĂąncia para o desenvolvimento de lĂ­deres e equipes, e da empresa como um todo. A partir do hĂĄbito de dar um retorno sobre a performance dos colaboradores em suas atividades, Ă© possĂ­vel orientĂĄ-los a aprimorar os seus pontos fortes e fracos para que sigam evoluindo continuamente.

PorĂ©m, o feedback nĂŁo pode ser vertical, sendo dado apenas dos lĂ­deres para os liderados. É aqui Ă© que a autocrĂ­tica ocupa um papel importante no comando de equipes. Antes de qualquer coisa, os gestores devem entender que tambĂ©m sĂŁo passĂ­veis de erros.

Nesse sentido, Ă© preciso que estejam abertos para que os membros do seu time tambĂ©m possam dar um retorno sobre o lĂ­der e as açÔes da sua liderança. Isso permite que vocĂȘ identifique nĂŁo sĂł falhas, mas tambĂ©m eventuais oportunidades que nĂŁo enxergou.

Sem falar que, ao ter senso de autocrĂ­tica, o (a) gestor (a) tambĂ©m tem mais facilidade para criticar a sua equipe, evitando o repasse de responsabilidades por aquilo que nĂŁo deu certo, mas que na verdade era da sua competĂȘncia.

Portanto, quando usada do jeito certo e na medida certa, a autocrĂ­tica Ă© uma poderosa aliada para alavancar a sua carreira em cargos de gerĂȘncia. Com ela, vocĂȘ pode saber exatamente em que estĂĄ pecando e, assim, encontrar as melhores saĂ­das para aplicar todo o seu potencial nas suas atividades.

RAPHAEL PIRES