quarta-feira, 6 de março de 2024

PRÓPRIA HISTÓRIA

 

PRÓPRIA HISTÓRIA

Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter...

Calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri.

Viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias.

Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz.

E então, só aí poderás julgar.

Cada um tem a sua própria história.

Não compare a sua vida com a dos outros.

Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida.

Desconhecido

 

EXISTÊNCIA DO VIVER

 

EXISTÊNCIA DO VIVER

Não dispomos de pouco tempo, mas desperdiçamos muito.

 A vida é longa o bastante e nos foi generosamente concedida para a execução de ações as mais importantes, caso toda ela seja bem aplicada.

Porém, quando se dilui no luxo e na preguiça, quando não é despendida em nada de bom, somente então, compelidos pela necessidade derradeira, aquela que não havíamos percebido passar, sentimos que já passou.

É assim que acontece: não recebemos uma vida breve, mas a fazemos, dela não somos carentes, mas pródigos.

Tal como amplos e magníficos recursos, quando vêm para um mau detentor, são dissipados num instante.

Ao passo que, por mais modestos que sejam, se entregues a um bom guardião, crescem pelo uso que se faz deles.

Assim também a nossa existência é bastante extensa para quem dela bem dispõe.

Sêneca

 

QUASE

 

QUASE

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Sarah Westphal