quinta-feira, 17 de outubro de 2024

ESPÍRITO DE MORTIFICAÇÃO

 

ESPÍRITO DE MORTIFICAÇÃO

A Mortificação é um treinamento espiritual, um treino da força de vontade para melhor governar nossas paixões e instintos. A intencionalidade de um ato de penitência é “completar em meu próprio corpo o que falta aos sofrimentos de Cristo” (Colossenses 1, 24).

O Espírito de Mortificação é uma prática espiritual católica que consiste em privar-se voluntariamente de algo que é considerado um prazer ou conforto físico, mental ou emocional.

A Mortificação é vista como uma forma de ascetismo, um meio de "pôr à morte" o pecado na vida de um cristão ou cristã. É uma antiga prática religiosa que consiste em realizar um sacrifício físico e, portanto, como meio de participação na Redenção.

A Mortificação é um treinamento espiritual, um treino da força de vontade para melhor governar nossas paixões e instintos.

A MORTIFICAÇÃO PODE CONSISTIR EM:

Moderar os apetites;

Saber negar o que mais agrada ao paladar;

Vencer-se a si mesmo (a);

Suportar as dificuldades do dia-a-dia;

Suportar as calúnias e detrações;

Suportar as injustiças;

Suportar as humilhações e vexações;

Querer ser esquecido (a) e desprezado (a) por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo.

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE MORTIFICAÇÃO E PENITÊNCIA?

A Mortificação é um treinamento espiritual, um treino da força de vontade para melhor governar nossas paixões e instintos.

Esta é uma pergunta interessante. A distinção entre Mortificação (sinônimo na maioria dos escritos espirituais de autonegação, abnegação, renúncia de si mesmo (a), morrer para si mesmo (a)) e Penitência (sinônimo de penitência, sacrifício ou auto sacrifício e “reparação”) está relacionada com o motivo interior por trás da ação. Em outras palavras, a ação exterior (jejum, por exemplo, ou tomar um banho frio em uma manhã fria) pode ser exatamente a mesma, mas dependendo da razão pela qual estou realizando a ação (minha intenção), a natureza espiritual do ato pode ser tanto Mortificação quanto Penitência.

A intencionalidade de um Ato de Mortificação é “punir [ou seja, disciplinar] meu corpo [ou seja, tendências egoístas] e colocá-lo sob controle, para evitar qualquer risco de que, tendo atuado como arauto para outros, eu mesmo (a) possa ser desqualificado (a)” (1 Coríntios 9,27). Em outras palavras, eu livremente nego a satisfação de um desejo normal e saudável para crescer em minha maturidade espiritual, aprender a governar as tendências egoístas incorporadas à minha natureza caída. Por exemplo, eu propositadamente mortifico meu desejo perfeitamente legítimo por carne nas quartas-feiras e sextas-feiras durante a Quaresma, para que eu seja melhor capaz de controlar um desejo ilegítimo de ficar consentir em um pecado sexual sempre que esse desejo aparecer. A Mortificação é um treinamento espiritual, um treino da força de vontade para melhor governar nossas paixões e instintos.

A intencionalidade de um Ato de Penitência é “completar em meu próprio corpo o que falta aos sofrimentos de Cristo” (Colossenses 1, 24). Estou fazendo Penitência pelo pecado, compensando um ato maligno e destrutivo, assim como Cristo fez ao morrer na cruz. Ele ofereceu sua obediência como “pagamento” (ou expiação) por nossa desobediência. Foi assim que ele reparou (fez “reparação”) a separação entre Deus e o homem causada pelo pecado original. Ele se sacrificou (se tornou uma oferta a Deus) em nosso lugar. A Penitência, portanto, é feita como uma forma de dizer a Deus que estamos arrependidos por nossos pecados, ou pelos pecados dos outros (as), e para compensá-los. Quando fazemos Penitência, estamos reparando o pecado, revertendo o ato autoindulgente do pecado ao substituí-lo por um ato de por um ato de auto negação. 

DOIS OUTROS PONTOS PERMANECEM NESTA QUESTÃO:

Primeiro, a única maneira pela qual Mortificação e Penitência realmente ajudam a avançar o Reino de Cristo é se estivermos unidos a Cristo. Devemos estar vivendo a vida da graça –

Cristo deve estar vivo em nós – para que possamos unir nossas ações às dele, de modo que elas compartilhem de seus méritos.

Segundo, o conceito de sacrifício também inclui um elemento de intercessão e petição. Oferecer a Deus um sacrifício pode ser uma forma de intensificar uma oração de intercessão. Assim, quando Santa Teresinha do Menino Jesus estava intercedendo pela conversão de um criminoso condenado à morte, ela e suas irmãs uniram sacrifícios (atos de auto negação) às suas orações. Da mesma forma, podemos oferecer sacrifícios (atos de auto negação, obediência, paciência…) a Deus para beneficiar outros membros do Corpo de Cristo que possam estar necessitados – aqueles em tentação ou tristeza, aqueles na prisão ou sofrendo perseguição. Estamos conectados a eles por meio de nossa participação no corpo de Cristo. É como uma disputa de cabo de guerra. Estamos todos no mesmo time, puxando na mesma direção. Mas às vezes alguém em nossa equipe tropeça, perde o equilíbrio ou para de puxar com toda a força. Nesses momentos, podemos puxar com mais força, compensando a falta momentânea deles, pegando o ritmo, para que possam dar uma respirada rápida e depois voltar à ação.

Podemos tirar uma série de conclusões dessas observações, mas vou terminar apontando apenas uma. Uma vez que a distinção entre Mortificação e Penitência está na intenção espiritual, não na ação física, a mesma ação física pode servir simultaneamente como um Ato de Mortificação e de Penitência. Podemos realizar uma ação com múltiplas intenções. Portanto, não se preocupe muito se seu sacrifício é para Mortificação ou Penitência – faça-o para ambos!

Kaíque Duarte

 

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