terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

INSTINTOS

 

INSTINTOS

Seu corpo sabe mais de você do que você mesmo (a).

A racionalidade de sua mente e o fragilidade de seu coração confundem muitos de seus atos.

Mas não conseguem matar os seus instintos.

Preste mais atenção neles.

Eles apitam o tempo inteiro a direção.

E quando você não a segue, percebe que no fim, seus pensamentos e sentimentos idealizados não satisfazem tanto as suas vontades quanto aquilo que despertava cada célula viva em você te mostrando o que você verdadeiramente desejava.

 

Raquel Souza Schwenck

INCOMPARAVELMENTE ÚNICO (A)

 

INCOMPARAVELMENTE ÚNICO (A)


Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso,
veio ver um Mestre Zen.
Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre,
sua beleza e o encanto daquele momento,
o samurai sentiu-se repentinamente inferior.
Ele então disse ao Mestre:
- "Por quê estou me sentindo inferior?
Apenas um momento atrás, tudo estava bem.
Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior
e jamais me sentira assim antes.
Encarei a morte muitas vezes,
mas nunca experimentei medo algum.
Por quê estou me sentindo assustado agora?"
O Mestre falou:
- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."
Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre,
e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar.
Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio,
o samurai perguntou novamente:
- "Agora você pode me responder por que me sinto inferior?"
O Mestre o levou para fora. Era um noite de lua cheia
e a lua estava justamente surgindo no horizonte.
Ele disse:
- "Olhe para estas duas árvores, a árvore alta
e a árvore pequena ao seu lado.
Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos
e nunca houve problema algum.
A árvore menor jamais disse à maior
"Por quê me sinto inferior diante de você?
Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato,
e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."
O samurai então argumentou:
- "Isto se dá porque elas não podem se comparar."
E o Mestre replicou:
Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta.
Quando você não compara, toda a inferioridade
e superioridade desaparecem.
Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto
ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo.
Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas.
O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda,
pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer.
Simplesmente olhe à sua volta.
Tudo é necessário e tudo se encaixa.
É uma unidade orgânica, ninguém é mais alto ou mais baixo,
ninguém é superior ou inferior.
Cada um é incomparavelmente único.
Você é necessário e basta.
Na Natureza, tamanho não é diferença.
Tudo é expressão igual de vida.

Desconhecido

 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O INACABADO QUE HÁ EM MIM

 

O INACABADO QUE HÁ EM MIM

Eu me experimento inacabado (a). 

Da obra, o rascunho. 

Do gesto, o que não termina. 

Sou como o rio em processo de vir a ser. 

A confluência de outras águas e o encontro com filhos de

Outras nascentes o tornam outro. 

O rio é a mistura de pequenos encontros. 

Eu sou feito de águas, muitas águas. 

Também recebo afluentes e com eles me transformo.

O que sai de mim cada vez que amo? 

O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, 

Mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? 

Eu me transformo em outros? 

Eu vivo para saber. 

O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. 

O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. 

Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. 

Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos. 

Por vezes o cansaço me faz querer parar. 

Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. 

Os encontros são muitos; as pessoas também. 

As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. 

É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.

Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e 

Cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil. 

Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. 

Viver para sorver os novos rios que virão. 

Eu sou inacabado. 

Preciso continuar.

Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, 

Então já anuncio que eu continuo na vida. 

A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. 

Um dia sou multidão, no outro sou solidão. 

Não quero ser multidão todo dia. 

Num dia experimento o frescor da amizade, 

No outro a febre que me faz querer ser só. 

Eu sou assim. 

Sem culpas.

 

Padre Fábio de Melo