quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

QUE É SER FELIZ?

 

QUE É SER FELIZ?

Felicidade — eis o clamor de toda a creatura.

Todo o resto é meio; só a felicidade é um 􀉹m.

Ninguém deseja ser feliz para algo; quer ser feliz para ser feliz.

A felicidade é a suprema autorrealização do ser.

QUE É SER FELIZ?

Ser feliz é estar em perfeita harmonia com a constituição do

Universo, consciente ou inconscientemente.

A natureza extra hominal é inconscientemente feliz, porque está

sempre, automaticamente, em harmonia com o Universo.

Aqui na terra só o homem pode ser conscientemente feliz — e

também conscientemente infeliz.

A natureza possui, por assim dizer, uma felicidade neutra, ou

inconsciente — o homem pode possuir uma felicidade positiva

ou uma infelicidade negativa.

Com o ser humano começa a bifurcação da

linha única da natureza; começa o estranho fenômeno da

liberdade em meio à universal necessidade.

A natureza só conhece um dever compulsório.

O ser humano conhece um querer espontâneo, seja rumo ao positivo, seja rumo ao negativo.

O desejo universal é a felicidade; e, no entanto, poucos seres

humanos se dizem felizes.

A imensa maioria da humanidade tem a potencialidade

ou a possibilidade de ser feliz; mas poucos têm a felicidade

atualizada ou realizada.

O poder-ser-feliz é uma felicidade incubada, porém

não nascida; ao passo que ser-feliz é uma felicidade eclodida.

QUAL É A RAZÃO ÚLTIMA POR QUE MUITOS SERES HUMANOS NÃO SÃO FELIZES,QUANDO O PODERIAM SER?

Passam a vida inteira, vinte, cinquenta, oitenta anos, marcando

passo no plano horizontal do seu ego externo, e ilusório —

nunca mergulharam nas profundezas verticais do seu Eu interno

e verdadeiro. E, quando a sua infelicidade se torna insuportável,

procuram atordoar, esquecer, narcotizar temporariamente esse

senso e essa infelicidade, por meio de diversos expedientes da

própria linha horizontal na qual a infelicidade nasceu.

 Não compreendem o seu erro de lógica e matemática:

Que horizontal não cura horizontal,

assim como as águas de um lago não movem uma turbina colocada ao mesmo nível.

Somente o vertical pode mover o horizontal, assim

como somente as águas de uma cachoeira podem mover uma

turbina.

Quem procura curar os males do ego pelo próprio ego comete

um erro fatal de lógica ou de matemática.

Não há cura de igual a igual, mas tão somente de superior para inferior, de vertical para horizontal.

Camuflar com derivativos e escapismos a infelicidade não é

solucionar o problema; é apenas mascará-lo e transferir a

infelicidade para outro tempo — quando a infelicidade torna a se manifestar com dobrada violência.

Remediar é remendar — não é curar, erradicar o mal.

A cura e erradicação consiste unicamente na entrada em uma

nova dimensão de consciência e experiência.

 Não consiste em uma espécie de continuísmo, mas sim em um

novo início, em uma iniciativa inédita, numa verdadeira iniciação.

Não se trata de “pôr remendo novo em roupa velha”, na

linguagem do Nazareno; trata-se de realizar a “nova creatura em

Cristo”, que é a transição da consciência do ego horizontal e

ilusório para a consciência do Eu vertical e verdadeiro.

Todos os mestres da humanidade afirmam que a verdadeira

felicidade do ser humano aqui na terra consiste em “amar o

próximo como a si mesmo (a)”.

Ou então em “fazer aos outros o que queremos

que os outros nos façam”.

Existe essa possibilidade de eu amar meu semelhante assim como amo a mim mesmo (a)?

Em teoria, muitos o afirmam; na prática poucos o fazem.

DE ONDE VEM ESSA DIFICULDADE?

Da falta de um verdadeiro autoconhecimento.

Pouquíssimos seres humanos têm uma visão nítida da sua genuína realidade interna.

Quase todos se identificam com alguma facticidade externa,

com o seu ego físico, seu ego mental ou seu ego emocional.

E por essa razão não conseguem realizar o amor-alheio igual ao

amor-próprio, não conseguem amar o seu próximo (a) como amam a si mesmos (as).

Alguns, num acesso de heroica estupidez, tentam amar o

próximo (a) em vez de amar a si mesmos (as), o que é

flagrantemente antinatural,

como também contrário a todos os mandamentos dos mestres da humanidade.

Todos sabem que o amor-próprio de todo ser vivo é a

quintessência do seu ser; nenhum ser vivo pode existir por um

só momento sem amar a si mesmo (a); esse amor-próprio é

idêntico à sua própria existência.

Amor Próprio não é necessariamente egoísmo.

Egoísmo é o Amor Próprio

exclusivista, ao passo que o verdadeiro Amor Próprio é

inclusivista, inclui todos os amores alheios no seu Amor Próprio,

obedecendo assim ao imperativo da natureza e à voz de todos

os mestres espirituais da humanidade.

Enquanto o ser humano marca passo no plano horizontal do seu

ego, o que pode haver em sua vida é guerra e armistício, mas

nunca haverá Paz.

Armistício é uma trégua entre duas guerras; é uma

guerra fria do ego, que amanhã pode explodir em guerra quente.

O Ego ignora totalmente o que seja a Paz.

 O Ego de boa vontade assina armistícios temporários, o ego de

má vontade declara guerra de maior ou menor duração, mas

nem esse nem aquele sabe o que seja paz.

Em vésperas da sua morte, disse o Nazareno a seus discípulos:

“Eu vos dou a Paz, eu vos deixo a Minha Paz”.

E para evitar qualquer confusão entre Paz e Armistício, logo acrescentou:

“Não dou a Paz assim como o mundo a dá. Eu vos dou a Paz

para que Minha Alegria esteja em voz, seja perfeita a vossa

alegria, e nunca ninguém tire de vós a vossa alegria”.

Paz e Alegria duradouras nada têm a ver com guerra e

armistício, que são do ego, de boa ou má vontade.

A Paz e a Alegria permanentes são unicamente as do Eu Divino no Ser Humano.

E onde não houver Paz e Alegria permanentes não há Felicidade.

Onde não há Autoconhecimento, experiência da realidade divina

do Eu espiritual, não há Felicidade, Paz, Alegria.

Enquanto o ser humano conhece apenas o seu ego físico-

mental-emocional, vive ele no plano

da guerra e do armistício; quando descobre o seu Eu espiritual,

faz o grande tratado de Paz e de Alegria no Templo da Verdade

Libertadora.

Armistício, certamente, é melhor que guerra, mas não é Paz, e

por isso não garante felicidade duradoura ao ser humano.

Por essa razão, o ser humano, no plano da guerra e do

armistício infelizes, procura de todos os modos se esquecer, por

umas horas, por uns dias, por umas noites, de sua falta de

felicidade, indo à caça desenfreada de todas as diversões; uns

se narcotizam com dinheiro, negócios, comércio, indústria; com

ciências e artes; outros ainda se embriagam com luxúria sexual, com álcool e outros entorpecentes;

outros, os mais ricos, viajam de país em país, de mar em mar, e

enquanto isso se esquecem de sua infelicidade, julgam ser felizes.

Praticam, no mundo espiritual, o mesmo charlatanismo que

praticam no mundo material: reprimem os sintomas do mal por

meio de anestésicos e analgésicos e nunca chegam a erradicar a raiz do mal, que seria o autoconhecimento, e a subsequente

autorrealização, que lhes dariam saúde e paz definitivas.

Os mestres também deixaram perfeitamente claro que essa Paz

Durável, sólida, dentro do ser humano e entre os seres

humanos, não é possível no plano meramente horizontal do ego

para ego, mas exige imperiosamente a superação desse plano,

o ingresso na ignota zona da verticalidade do Eu.

Os grandes mestres, sobretudo o Cristo, não

convidaram os seus discípulos apenas para passar de um ego

de má vontade (vicioso) para um ego de boa vontade (virtuoso)

— a mensagem central de todos os mestres tem um caráter

metafísico, ontológico, cósmico; é a transição de todos e

quaisquer planos horizontais-ego para a grande vertical do Eu

da sabedoria, do “conhecimento da Verdade Libertadora”.

Quase todas as nossas teologias fazem crer que os mestres,

sobretudo o Divino Mestre, tenha convidado os seres humanos  

apenas para que passassem da viciosidade para a virtuosidade

— quando eles os convidaram para

uma zona infinitamente além do vicioso e do virtuoso —, para a

região suprema da sabedoria, da compreensão do seu Eu divino,

que eles chamam Pai, Luz, Reino, Tesouro, Pérola Preciosa…

O ego de boa vontade é, certamente, melhor que o ego de má

vontade, mas só o Eu Sapiente está definitivamente remido de

todas as suas irredenções e escravidões.

Somente a Verdade, intuída e

vivida, é que dá Libertação Real e Definitiva.

A Felicidade, a Alegria, a Paz são os Frutos da Verdade

Libertadora.

Rohden.


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