A VERDADE É QUE EU MESMA ME CRIEI.
A verdade é que, no fundo, eu só queria ser amada, cuidada e poder ter sido eu.
Eu só queria que alguém tivesse pegado na minha mão e dissesse que estava tudo
bem. Eu só queria, de alguma forma, ser vista.
Não tive nada disso. Muito pelo contrário, cresci sozinha, sem alguém que
pudesse me enxergar. Não tive alguém para me ensinar o que é bom na vida.
Cresci sendo exigida, tratada como se tudo estivesse óbvio e como se todas as
respostas já estivessem em minhas mãos.
Nos dias em que meu coração doeu, senti falta de um abraço, de alguém que
pudesse me dizer que tudo ficaria bem. Naquele momento, apenas o que eu
conseguia ouvir era: “Você já deveria saber, a vida é assim mesmo, ela é dura.”
Não tive ninguém que olhasse para todos aqueles medos em meu coração e me
dissesse o que fazer com eles. Aquele sentimento de falta aumentava cada vez
mais, e eu nem sequer conseguia explicar.
Então, cresci assim, tive que aprender a me defender sozinha. Se quisesse algo,
eu mesma iria atrás, porque ninguém estaria ali para me apoiar. Tornei-me
alguém com medo de errar, não querendo decepcionar para não ter que lidar com
as cobranças e conflitos.
Parei de reconhecer tudo aquilo que era necessário para mim. Estava ocupada
demais tentando sobreviver, resolvendo aqueles problemas que os adultos não
conseguiram resolver.
Se mereço algo melhor? Não sei se acredito nisso.
É assim que muitas mulheres já se se sentiram, e talvez ainda se sintam até
hoje. Foram crianças que não tiveram a oportunidade de serem ensinadas, amadas
e protegidas. Elas deviam ter aprendido a sonhar e a saber que esse sonho
infantil é o que de fato as levaria a continuar se motivando na vida adulta.
Desde tão novas, ouvimos que a vida é dura, que nada viria de mão beijada, que
se nós não nos esforçássemos muito, nunca iríamos conseguir nada. Fomos
ensinadas a não confiar nas pessoas, mas carregar o peso delas.
Foi isso que a maioria das mulheres aprendeu, por isso se torna tão difícil e
pesado ser mulher.
É isso que a dependência emocional faz, deixa marcas dos medos e desesperos
para uma vida toda.
Tábita Camacho
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