CINCO LIÇÕES ATUAIS SOBRE RUTE
Shavuot, o feriado que celebra a Outorga da Torá, sempre foi o meu favorito. Comemos deliciosas refeições à base de laticínios com a família e amigos, apreciamos o clima agradável, ouvimos os Dez Mandamentos, e discutimos como a Torá é relevante para nossa vida diária.
Este ano, enquanto me preparava para celebrar o feriado em quarentena, sabia que teria de procurar inspiração para encontrar significado e prazer neste Shavuot solitário, fora do comum.
Eu o encontrei numa mulher que viveu há 3.000 anos: Rute a Moabita, cuja história de vida é lida em Shavuot.
Sua história é uma declaração de fé firme em face a dificuldades inesperadas. Rute, a princesa moabita, deixou uma vida de luxo no palácio real e se tornou uma viúva assolada pela pobreza. No entanto, ela transformou cada rodada de sua história em uma reviravolta para melhor.
1 – RUTE NÃO TIRAVA OS OLHOS DA SUA META
Quando Naomi, a sogra de Rute, estava preparada para voltar à sua casa em Bethlehem, ela deixou que suas noras enviuvadas permanecessem no conforto de seus lares, os palácios reais. Ali, elas teriam a oportunidade de se casar novamente e recomeçar suas vidas. Orpá hesitou mas escolheu retornar, enquanto Rute estava determinada a seguir sua sogra, mesmo que isso significasse conflito e pobreza.
Rute estava inspirada a atingir sua meta: viver a vida como judia. E para atingir aquela meta, ela deixou para trás tudo que tinha. Abandonou seu passado real e seguiu sua sogra Naomi para uma nação estrangeira. Com a esperança de se juntar ao povo judeu, e com um firme compromisso às leis de Deus, ela saiu confiantemente para a longa estrada à sua frente.
Rute fez a declaração que ficou famosa a Naomi: “Não insista para lhe deixar, para voltar e não seguir você. Pois onde quer que você vá, eu irei; onde quer que se abrigue, eu me abrigarei; seu povo será o meu povo, e seu Deus o meu Deus. Onde você morrer, eu morrerei, e ali serei enterrada.”
Como Rute, posso olhar além dos desafios de hoje e continuar focada no longo termo. Sim, a quarentena é desconfortável e inconveniente, mas posso ver o quadro em geral; as precauções que estamos tomando estão salvando vidas.
2 – RUTE ELEVOU-SE ACIMA DO ISOLAMENTO SOCIAL E DA ESCASSEZ
Rute aceitou uma vida de amarga pobreza, e, ao chegar em Bethlehem com sua sogra, tornou-se um objeto de fofocas em vez de ser calorosamente acolhida como amiga e irmã.
Rute e sua sogra viveram uma existência solitária. Para evitar a fome, Rute foi recolher as polias de cevada caídas durante a colheita. A Torá nos ordena que o dono de um campo não deve cortar os cantos de seu campo mas deixá-los para os pobres. Da mesma forma, se alguém deixasse cair grãos durante a colheita, eles deviam ser deixados para os necessitados. Rute e Naomi viviam dessas escassas colheitas e estavam felizes com o que tinham.
Como Rute, posso ser feliz mesmo se não consigo um ingrediente que estou acostumado a encontrar no para celebrar a festa, e mesmo se minha mesa de Shavuot não está cercada por ninguém além da minha família mais íntima.
3 – RUTE ARTICULOU SUA GRATIDÃO
Mesmo quando relegada a recolher as sobras, Rute demonstrou gratidão. Quando Boaz impressionado instruiu seus trabalhadores a deixarem cevada extra para essa mulher modesta, Rute não aceitou essa generosidade. Ela ficava aos pés dele, procurando sua proteção, reconhecendo que ele tinha as chaves para o futuro dela.
Rute demonstrava gratidão para com Boaz e Naomi, mesmo quando seu mundo parecia estar virado de cabeça para baixo.
Rute por fim desposou Boaz e novamente teve uma vida confortável. Mais tarde tornou-se a bisavó do Rei David, o maior rei de Israel, cujo aniversário de falecimento é comemorado em Shavuot.
A ideia de Rute de cultivar um senso de agradecimento e gratidão tem sido uma importante lição para mim. Agradecer e reconhecer nossas bênçãos aumenta a alegria e pode levar a uma convivência mais calma mesmo durante um tempo de estresse. Agradecer aos nossos trabalhadores essenciais e reconhecer seu sacrifício por todos nós tem estado à frente de todas as nossas mentes.
4 – RUTE SABIA QUE A VERDADEIRA RIQUEZA É A RIQUEZA ESPIRITUAL
O impressionante compromisso de Rute a seguir em frente em seu desenvolvimento pessoal e espiritual é uma poderosa lição para cada um de nós enquanto nos preparamos para novamente receber a Torá em Shavuot.
A vida é uma contínua experiência de aprendizado, e enquanto continuamos subindo e caindo, vamos nos comprometer com o nosso propósito e lançar nossa luz individual única no mundo.
5 – CARIDADE É UM DOS PRINCIPAIS FOCOS
As leis da Torá são eternas e as lições da bondade de Rute são lembretes inspiradores durante a propagação atual dessa pandemia. A caridade, a bondade e a devolução assumiram um novo significado e tiveram um efeito positivo, continuado.
Tem sido inspirador ver o que tantas organizações fizeram e como responderam às necessidades de outras pessoas. Vi pessoas se oferecendo para comprar mantimentos, fazer entregas, organizar programas online, encontrar maneiras de animar amigos remotamente, celebrar ocasiões felizes e até fazer l’chaim com o Zoom.
A fé e a lealdade de Rute, juntamente com uma tremenda força interior, são uma fonte de inspiração para mim. Durante nossas dificuldades atuais com o coronavírus ou as quedas e curvas cotidianas da jornada da vida, espero que, como Rute, esteja sempre indo para um lugar maior na minha vida, para permanecer positiva, focar no lado bom, e seguir em frente com alegria e disposição.
Baila Brackman
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